Não se ama alguém que não ouve a mesma canção
Rui Veloso. Brrrr... Mas pronto, o que interessa é apenas a frase.
Em Lyon, esperei pela navette (uma pequena carrinha que nos leva ao local de trabalho, qual caminete carreira transportando os operários para a fábrica). A navette chegou como sempre, à hora certa. O motorista saiu para abrir as portinhas para as meninas entrarem. O motorista é giro. Uhhh, o motorista é muito giro. Sucesso, o meu primeiro francês giro. Ao menos regalo o olhito, antes de uma noite de trabalho.
O motorista está a ouvir Torn, de Natalie Imbruglia. A colega russa canta. De repente, do radio surgem uns acordes mais do que conhecidos. "You don't know what love is", de Chet Baker. A música perfeita, no momento de depressão perfeito, a cançoneta que costumo ouvir repetidamente até cair para o lado com "azulite" crónica.
O motorista (de nome desconhecido, mas que apelidarei de Jean-Pierre, claro) mudou de estação. Putain!, disse eu internamente, porque eu agora já sou uma pessoa que vernacula em francês.
Um gajo que muda de estação quando ouve Chet Baker, não pode ser boa rés. O homem procura desesperadamente um posto. Passa por Blondie, Heart of Glass e ainda tenho um bocadinho de esperança. Mas não. Techno chunga francês. Acabou. Não há mesmo franceses giros.
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