Wednesday, January 18, 2006

Aspiro, logo desespero

Já se falou aqui de fogões, de aixam “papa-velhos”, de pochetes, enfim, de variadas coisas que preocupam as mulheres em geral e um grupo de sete delas aleatoriamente escolhidas em particular, mas nunca se falou nesse objecto de sucção do diabo chamado aspirador. Se calhar porque esta é apenas uma embirração minha, o que é mesmo, já que o confirmei depois de uma pequena consulta popular sobre o assunto. De qualquer das maneiras vou expor as minhas razões.
O outro dia fui ajudar uma amiga a comprar o dito utensílio. Era um dia como outro qualquer. No Colombo pululavam os habituais visitantes de uma quarta ou quinta feira. O plano estava elaborado. Vamos primeiro à Worten. Era uma decisão lógica, eles têm de certeza os sacos para todo e qualquer tipo. Ela tinha em mente assim uma coisa para o compacto mas potente. Mal entrámos lá estava um, devidamente destacado, como mandam as leis do marketing, no meio do caminho. Era pequenino e amarelinho. Uma peça que não destoaria numa despensa de bom gosto. Era uma hipótese. Mas convinha procurar melhor. Percorremos então todo o corredor. Há-os para todos os gostos. Quadrados, ovais, transparentes, brilhantes, às bolinhas, parecidos a turbinas nucleares, verdadeiras máquinas daquelas que limpam as ruas mas sem o motor, nunca poderiam imaginar o pó e o cotão que a mente humana teria a capacidade para lhes conceber tão imponentes inimigos.
Vista toda a mercadoria, e não contentes, decidimos então procurar noutras lojas. E fomos… Parecido aqui, mais caro ali, rapidamente nos encontrámos de novo naquele corredor fatídico da Worten. Passávamos então à segunda fase do plano. Os sacos. E é aqui que se levanta a verdadeira questão. Porque não se trata apenas de escolher o electrodoméstico. Há todo um mundo de bolsas de papel que temos que estudar se não queremos voltar daí a meses porque já não se fabricam sacos para aquele modelo e tal e tal. Falta de jeito ou não, estivemos mais de meia hora de volta de prateleiras com pacotes onde se liam coisas como LV-23767/Z/X ou Superdust Van Than 009 sem encontrar um que nos servisse. Bem olhámos em volta esperançosas que um dos supostos empregados nos salvasse, mas o único que contacto que conseguimos foram 2 “Num sei, sou cáixa,” e outros tantos a mandarem-nos para um balcão que esteve vazio durante todo o tempo. Talvez a sua ocupante tivesse sido raptada por um Poder de Sucção malévolo e enfiada em sacos de papel com números sequenciais maiores que o PI.
De repente lá reparámos numa inscrição arcaica e manual num dos aspiradores que minha amiga preferia que nos indicava qual o número do respectivo saco. Um arrepio de esperança agitou-nos. Olhámos para cima, mas apenas o escuro. O vazio. Nada. Esgotado. Oh triste sina pensávamos. E foi já sem paciência que ela se decidiu a levar um maiorzinho. Lá saímos do horroroso cenário, esgotadas, acabadas e derrotadas por este consumismo feroz disfarçado de variedade.
Tudo isto por causa de uma coisa que não dá jeito nenhum, cujo fio se enfia em tudo o que é sítio e que faz mais barulho que toda a humanidade junta a dar os três peidos ao mesmo tempo, principalmente a um domingo de manhã. Safa.

PS: Mas tudo isto fez-me ter uma dúvida. Onde é que íamos comprar electrodomésticos antes de haverem estas lojas impessoais e monopolizadoras?

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