Coisas que não gosto nos franceses -Parte I - A baguette
Ainda me lembro como se fosse hoje, o dia em que adquiri a minha primeira baguette em França. Estava sol e uma temperatura amena. À porta da boulangerie, um homem comia um kebab. A senhora da padaria disse o habitual "Bonjour", na voz esganiçada que caracteriza as mulheres francesas. Foi uma experiência maravilhosa, a boulangerie tem doces e pãozinho quente e estaladiço, que é colocado higienicamente com as mãos (sem luvas ou pinças) dentro de invólucro de papel reciclado, pronto a ser levado para casa e degustado até à ultima migalha.
Depois dessa baguette, o mundo era meu e nada podia correr mal, mesmo depois da senhora ter tocado a minha baguete com as suas delicadas mãos.
No dia seguinte, e graças aos horários marados que tenho nesta terra do demónio, a tal boulangerie estava fechada. No centro da cidade sobram as épiceries dos árabes e indianos, abertas até altas horas da noite. Entrei e lá estavam as baguetes a olhar para mim. Pedi ao senhor, ó silvu plé, une baguette.
Sem que eu esperasse, o senhor pega na baguete com mão, que reparei estar enegrecida pela sujidade, crava suas unhacas já meias carcomidas na côdea e toma lá, coloca o pão em cima da bancada do supermercado, por onde passam centenas de mãos (quiça outras partes do corpo também) por dia.
Este estranho hábito, com o qual não me sinto confortável, é seguido por todos.
Há até aqueles seres franceses que, à saída das boulangeries, colocam a baguete debaixo do braço, qual jornal, bem junto ao sovaco suado e desatam a correr para apanhar um autocarro.
Os sovacos franceses serão tratados num próximo post. Merci.
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