Monday, September 15, 2008

Madonna, la bitch

Fui uma das 75 mil alminhas que rumaram ao Parque da Bela Vista, que até ontem à noite só me tinha dado más memórias, para ver a Artista a trabalhar e a verdade é que fazendo as contas à distância a que vimos o concerto, a hora de fila no metro para voltar e toda a confusão associada a qualquer coisa feita naquele parque do demo em Chelas, valeu a pena. Como tive de associar ideias para mostrar a quem lá não esteve o que Madonna faz os outros gastar num concerto aqui, prefiro agrupar o que me foi passando pela cabeça nos vários momentos da coisa, neste nosso pachanga joint.

Tal como o concerto, o nosso final de tarde/noite teve 4 actos.

I - Chegar lá

É normal nos dias em que tenho de trabalhar aos Domingos ter várias paragens de cerebro, é aliás normal com qualquer coisa que aconteça aos Domingos sem ser estar de perna estendida a ver filmes maus, mas neste início da romaria Madonna, a coisa poderia ter corrido mesmo mal porque não fui a mais esperta das criaturas a tentar chegar ao local. Depois de um telefonema em pânico de um amigo meu que já estava nas proximidades da Bela Vista em relação ao tamanho da fila, confesso que houve momentos em que pensei que era bem possível falhar os primeiros momentos do concerto. Conseguimos com algum improviso pelo meio, depois de ter sido agarrada duas vezes por um policial, musculado mas com cara de poucos amigos, entrar na Bela Vista, a uma respeitável hora e meia antes da hora marcada. A jola da praxe não faltou, mas só uma por causa das idas ao WC. Por esta altura ainda ninguem tinha fome e mesmo que tivesse não convinha pensar nisso que as bichas para as barraquinhas eram assustadoras.
As primeiras filas eram reservadas para os fãs dos fãs, o que me ajuda a justificar em parte a fraca percentagem queer que me passou pelos olhos, com grande pena minha. Ficámos cá bem longe, ao lado de gente beta, careta e velha, mas viamos o palco todo e a loira sueca que lá estava a cantar, isto pelo meio, das centenas de pessoas que achavam que a melhor maneira de passar era precisamente pelo sítio onde estávamos.

II - A coisa começa

Perto de atingir os picos do aborrecimento e um pouco atrasada, lá se começam a ouvir os efeitos sonoros a la video game que dão início à coisa. Madonna surge sentada num trono, claro, mas rapidamente salta para o meio da maralha e faz-te passar à frente sem piedade todos os chocolates, as gomas, as pipas, o álcool, o fumo, as longas noites, aquela sensação de que vais morrer depois de correr cinco minutos, enfim, todas aquelas coisas que te vão impedir de ser agora o que ela é desde que nasceu em 1760. Recomposta da frustração, e no meio de dois cabeçudos que claro estavam à minha frente, lá me entreti com toda a luz e as gentes frenéticas que pululavam naquele gigantesco palco. A Britney também fez uma visita, mas por essa altura estava tudo em pulgas com o Roollleess Rooycee gigante que apareceu do nada em palco, com a bitch em cima dele, claro.
O que também se percebeu por esta altura é que se há coisa que a senhora não sabe fazer é cantar. Ou isso, ou estávamos em presença do pior playback de todo o sempre. As fugas ao tom estragaram grande parte do Vogue, que é das minhas musicas preferidas. Não sabia bem se a podia perdoar por essa falha, mas a esquizofrenia de milhares de euros que se passava à nossa frente era tão viciante que rapidamente me desliguei.
O espectáculo é bonito, embora eu prefira o que vi no DVD do Confessions. A bitch continua a dançar bem como tudo e a fazer aquelas coisas fixes com os braços. Já não se roça tanto nos homens que a acompanham, contudo, e não há nem lantejoulas nem plumas, o que confesso me deixou um pouco desiludida.
Isto foi o que eu conseguia descortinar lá bem ao fundo onde estava. A cabeleira loira da senhora também ajuda a descobri-la e eu ainda gostava de saber como é que ela conseguiu fazer aquela franja com que aparece a meio, quando esteve no máximo 2 minutos fora de palco.
Depois de nos chamar modafuckas uma data de vezes, e quando já começavam a fartar as músicas novas e as guitarradas, eis que chegam a 'La Isla Bonita' versão lelo e o 'Like a Prayer', que pos as 70 mil alminhas, finalmente a dançar. Essa parte foi boa. E continuou bonzinho até ao final, quando me apeteceu perguntar as duas anãs que estavam ao meu lado, e que passaram todo o concerto entre falar uma com a outra e mandar mensagens para o país dos anões, se ouvir o CD na sua casa de anoas não era mais barato, mas pronto, cada uma com a sua.
À saída encontrei não uma mas duas pessoas da Vila, uma delas até me chamou a minha Rita, o que trouxe um toque de individualismo no meio do maralhal que fez boas coceguinhas no meu ego.

III - A volta

Começava o pior da noite, ou seja, voltar ao recato do lar, vá talvez só atrás da música da Evita que a bitch cantou. A bicha para o metro avançava de meia em meia hora e nos conseguimos safar-nos no terceiro avanço, o que vai-se a ver até nem foi mau. E até há que agradecer o facto dos fãs da Madonna ser tudo gente lavadinha, já que encontros imediatos com sovacos são bem comuns nestas coisas. Tinha sido pior se a banda em causa fossem os Metallica, por exemplo... Ou a Bonnie Tyler, sobretudo devido à cota de coletes de pele, sem nada por baixo... Pelo meio, uma tia foi pedir justificações aos agentes da polícia que lá estavam. Nem sei bem do quê, mas não deixou de ter a sua piada, o gigante de tez negra a falar de mansinho com a piquena tia. A Madonna, essa, saiu de la directamente para uma limusine e um cocktail.

IV - A escrita

Demorei 4 horas entre sair da Bela Vista e ir-me deitar. Estava cansada e pouco inspirada. Dois inimigos fieis da escrita. Não foi brilhante a apreciação à coisa, até porque só me apetecia escrever coisas como "Ainda não foi desta que descobrimos se a gaja estava rapadinha". A bitch passou por cá, cantou e dançou um cadito. Já eu fiquei com uma insónia gigante. Brigada oh material girl...

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