Thursday, October 08, 2009

Geriatria e naturismo

Duas palavras que não devem andar de mãos dadas. Duas palavras que não devem ser proferidas sem plo meio terem um sinal de pontuação amigo. Duas palavras que fazem dói dói à gente, quando ganham vida, bem à frente de nossos olhos ainda sem rugas.

Num paraíso mediterrânico, onde é permitido o nudismo em todas as praias, as surpresas são muitas. Há a estranheza, entranhada nos nossos estômagos católicozinhos, inculcada pla D.Susete (a minha catequista, não a minha mãezinha). Depois vem a aceitação, comandada plos factos: um corpo nú é um corpo nú. Mamas, cús, pneus, celulite, umbigos, pêlos, não há nada mais intrinsecamente humano, nada mais intrinsecamente factual.

É aqui que surge a admiração. Por quem não é perfeito e não o esconde. Por quem tem cicatrizes de cesarianas e não as tapa. Por quem não tem medo de que um grão de areia provoque uma terrível infecção na genitália, que, como todas sabemos, é uma flor sensível ao bichedo que vive nas praias deste mundo.


Pouco depois, vem a adesão e frases tão complexas como "tou-me a cagar" ou mesmo um "aqui ninguém me conhece". Esta fase é acompanhada de alguma euforia e orgulho no nosso próprio ser, abraçada por um sentimento de pós-modernidade, que afinal é tudo menos pós-moderno.

Tudo isto é bem bonito e até um pouco espectacular, mas eis quando todo o meu entusiasmo plo naturismo desvance em apenas alguns segundos. Ser bombardeada por pilas de pessoas que não conseguem olhar para o próprio membro há 10 anos, devido às várias camadas adiposas, quebra toda a mística. É como quando estamos a ouvir aquelas cançonetas melosas dos sixties e de repente a agulha do vinil fica doida.

Para além de ou outro jovem, os adeptos do nudismo são entradotes e a flacidez das peles já se instalou nos seus corpos para todo o sempre. Ao início, repara-se muito, compara-se, especula-se, mas depois vem a bonança (acompanhada da mítica música). Sacode-se um cadinho da areia que teima em colar-se a determinadas partes da nossa anatomia e fecha-se os olhos. É bem bom estar em casa.

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