Da gasolina e outros tais

Há coisas que desgosto. Coisas como bigodes, bicas queimadas, carros que parecem naves espaciais saídas de um filme B vietnamita, pessoas que dizem prontos e portantos... Há outras que não gosto. Tais como chuva quando tens aquela camisola que tanto querias usar pendurada na corda, filmes com animais que falam ou homens com barrigas disformes enfiados em tangas com padrões animais a passarem pelo meu ângulo de visão na praia. Mas há coisas que detesto mesmo. E entre elas, que vão desde um ódio antigo a cantores como o Michael Bolton a uma aversão bem recente a aspiradores, está o simples acto de pôr gasolina. Porquê?

- Será o olhar jocoso com que somos olhadas, nós mulheres, por toda a espécie masculina, mal pomos um pé fora do carro e sozinhas agarramos naquele tubo donde sai a gasolina e o colocamos no depósito?
- Serão todas as vezes que temos que levar com o “a bomba 5 é de pré-pagamento” em altos berros no altifalante, devidamente acompanhado pelos gestos do empregado para a tua pessoa, isto claro depois de estares algum tempo a olhar feita parva para o contador e a perguntar-te porque é que ele não se mexe?
- Será do abano de cabeça condescendente que alguns homens fazem depois da situação anteriormente descrita?
- Será do cheiro que aquela nheca deixa nas mãos ou daquele bocadinho que cai sempre no final falhando por milímetros os teus fabulosos sapatos ou a tua maravilhosa calça?

Pôr gasolina é quase tão mau como usar aqueles coletes horríveis que não fazem pendant com nada. Quem sabe se não haverá todo um nicho de mercado para bombas exclusivas para mulheres? Com homens de tronco nu suados e musculados a perguntarem se é com chumbo ou sem chumbo. Aí sim era vê-los. Os C3 e C2, os Polos, os Yaris cheios de mulherio desejoso de encher o depósito. A pensar minhas caras, a pensar...