Uma noite com classe, mas muito pouco Pachanga
Passou mais uma noitada de óscares e aqui a narradora de ocasião lá esteve de serviço, porque por muito que tente não consegue deixar de ver aquilo em directo. Loucura momentânea ou simplesmente estupidez... Ando a tentar responder a isso há anos. Mas continuando, segundo a minha modesta opinião, foi a melhor cerimónia de há uns anos para cá. Provocante q.b., sem perdas de ritmo e tão imprevisível como improvisada, tudo na pessoa de Jon Stewart claro, foi um espectáculo de colidade. Certamente não fará sombra ao ansiado concerto de Tony Carreira no Pavilhão Atlântico em Maio, mas não deixou de ser um nobre esforço.
A coisa começou bem, até porque a generosa T.V.Uaiiii deleitou-nos com uma horinha inteira de preliminares no tapete vermelho. Deu claro para fazer a avaliação completa dos convidados. Lá estava com seu sorriso de menino asneirento o Sr. Clooney, o adorável imberbe Heath Ledger ou o “hug me I’m a teddy bear” Eric Bana, mas o que interessava mesmo a esta pachanga com insónia eram os vestidinhos de salários de uma vida das meninas. E eram aos metros, mas para grande desilusão, nem um, unzinho, era... verde. Quer dizer a Jenniffer Lopez andou lá perto, se é que se pode chamar verde aquele desperdício de bebé, ralo e escorregadio.
Houve-os cremes e até amarelos, e bem giros, houve-os pretos e bem elegantes, houve-os azuis não tanto elegantes, houve-os castanhos rodados, giros em cima mas feios em baixo, houve uma tal de Meryl Streep a mostrar porque é a senhora com mais classe viva, mas nenhuma das convidadas teve o desprendimento de envergar algo, nem que fosse um mala, uma broche, uma bandolete, verde. Acho mal. A coisa andou tão fraca para o espírito pachanguento que o momento alto da noite foi sua Excelência Real Cadáver Dolly Parton e a sua performance em palco, sobretudo porque estivemos todos à espera do momento em que o seu real lábio superior iria saltar para dentro do seu real e quase quadrado par, acabando todos a dançar uma real dança em linha.
Enfim quanto aos prémios, até me esqueço que é para isso que eles lá vão, foram mais pesados para casa o Sr. Clooney, para felicidade de toda a humanidade feminina e comunidade gay, uma muito grávida Rachel Weisz, a única estrangeira da noite a levar um prémio de interpretação, um engravatado Philip Seymour Hoffman que ao contrário do que prometera não ladrou e uma legalmente loira e demasiado faladora Reese Whiterspoon. Contas feitas e tirados os produtos, ganharam os favoritos, major stars e mais bem pagos dos lotes de nomeados. Mas pronto, até estiveram todos bem por isso...
Quanto ao resto, e aqui na opinião de uma muito sonolenta e assaz rabujenta espectadora regular, parece-me que à Academia faltaram os tomates que tanto tinham sido proclamados no pré cerimónia. Entre um filme Palestiniano a ser preterido por um Sul-Africano, uma personagem transexual a perder para a menina bonita do country e da américa profunda e conservadora, a marcha dos pinguins a sobrepor-se à marcha do capitalismo sobre África e o tema racismo a ser usado como bode expiatório para fugir ao tema homossexualidade, ficam as piadas políticas de Stewart, a apresentação memorável de Meryl Streep e Lily Tomlin ao mais merecido vencedor da noite, Robert Altman e o título da canção original, It´s hard out here for a pimp, ou em português, Isto até para ser chulo está dificil.
Num ano em que claramente se celebrou o cinema independente, com quatro grandes filmes nomeados a Academia cumpriu as quotas da democracia. Agora o que ser quer para o ano é muita coisa verde, uma música cantada por Bonnie Tyler, um número de dança com Patrick Swayze e scones assassinos atirados para quem se exceder nos discursos. E claro a apresentação a cargo do quarteto Nova Iorquino. E depois acordamos todas e temos que vir trabalhar porque é segunda de manhã. Raisparta, wdbhcwufgwu, umpf, fui.
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