Mais pedaços desta Lisboa bonita bonita
Já aqui manifestei a minha profunda incompreensão no que toca à estranha relação dos lisboetas com os contentores de lixo dos prédios, mas há uma outra lei desta cidade que ainda me perturba mais. É aquela coisa a que eles chamam hora do almoço e que dura, mediante algumas variações, entre as 11h e as 15h30. Tal significa que durante este período, em qualquer tasca espalhada pelas zonas trabalhadeiras da cidade, se quiseres assentar nem que seja uma nalga para beber um cafezinho, uma aguinha ou comer um pastelinho de bacalhau provavelmente não vais conseguir.
É que os donos dos estabelecimentos se tiverem sorte têm a sua clientela fixa e além disso gostam de ter umas mesinhas livres para manter a esperança da chegada de forasteiros. Também não interessa muito a origem do cliente, ou se vai lá todos os dias nos últimos 30 anos, que o dono do estabelecimento e empregados vão tratá-los mal de qualquer das maneiras. Ou porque não pedem o prato do dia, ou porque acabam com o prato do dia, ou porque pedem o ultimo prato da lista, ou porque nunca mais levantam o rabo da cadeira. É assim e faz parte, tal como a vistosa gordura que decora a comida.
É portanto vulgar ver papelinhos A4 pendurados nas paredes dos tascôncios, ou como por cá gostamos de chamar snack-bares, escritos à mão com frases como: 'NÃO É PREMETIDO ESTUDAR' OU 'MESAS ESCLUSIVAMENTE PARA ALMOSSOS E JANTARES'. Se quiseres por a conversa em dia sentadita a bebericar um café terás de esperar até à hora que suas excelencias definirem, ou então bebes no balcão e já vais com muita sorte, 'que eu tenho mais que fazer do que estar a servir-te cafés. Coçar os tomates e tirar a nheca da unha do dedo pequeno por exemplo'. ai o car....
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