Tuesday, November 01, 2005

Muco, para que te quero?

Perdi alguns dos momentos mais emocionantes da viagem a Londres devido ao meu nariz. Logo no primeiro dia da estadia, a diferença de temperaturas ou a gripe das aves (who knows) provocaram em mim arrepios de frio e muco que parecia não ter fim. A Amazónia ficou mais pobre devido à minha intensa e extensa constipação, que proporcionou aos transeuntes londrinos a mais bela sinfonia interpretada por um nariz e um lenço de papel, numa osmose perfeita de Inverno.
Mas como comecei este post, o meu nariz pingudo impediu-me de aproveitar ao máximo momentos importantes da viagem e da minha vida.
Vejamos:

1º momento não aproveitado

Cenário: House of Communs (Houses of Parliament)

Situação: Ao assistir a uma sessão dos Communs sobre “tax revaluation in Wales”, a minha presença entre os senhores conservadores e trabalhistas foi reduzida a apenas alguns minutos, por entre os olhares chocados das pessoas que populavam as bancadas confortáveis das galerias daquele local histórico.

A Razão: Falta de lenços de papel, o que fizeram com que eu, com um muco que mais parecia lava incandescente do vulcão de Krakatoa, tivesse de fungar incessantemente até algumas pessoas se sentirem incomodadas com a fungação cada vez mais intensa.

Solução: sair o mais depressa possível, sem apreciar a House of Communs, em direcção a uma qualquer casa de banho, provida de metros de papel higiénico, antes que a minha écharpe pudesse servir para amortalhar o muco, que de meu nariz teimava em sair.

2º momento não aproveitado

Cenário: Palácio de Buckingham

Situação: Cerimónia do Render da Guarda da Rainha, em que os senhores tocam umas músicas Pop da Madonna e dos Culture Club, e vagueiam hirtos e firmes pelo terraço do palácio, frente a centenas de turistas pendurados nas grades com máquinas digitais. Perdi um dos momentos mais emocionantes desta cerimónia, que acontece quando os guardas se dirigem às grades, junto à populaça e proferem a mágica frase: “Good Morning.”

A Razão: Estar acocorada (sempre adorei esta palavra, mas raras foram as vezes na minha vida que a pude escrever) à procura de um lenço, numa mochila do Satã, com um fecho difícil de abrir e milhões de compartimentos com lenços que jaziam ranhosos. Para dificultar esta missão de encontrar um tissue naquela mochila de turista, entre as sandes de frango e o guia de 27 kg sobre Londres, pulavam à minha volta seres de nacionalidade americana que gritavam, em histerismo “OH MY GOD, OH MY GOD”.

Solução: Depois de finalmente ter encontrado um lenço limpo, subi à altura das grades e fiquei mais um pouco à espera que os senhores guardas da rainha voltassem àquele local e que me dessem os bons dias. Tal aconteceu, alguns minutos mais tarde, quando os meus pés e costas gritavam por ajuda médica e mesmo por uma maca do INEM britânico. Mas não foi a mesma coisa, porque eu já estava à espera. O factor surpresa faltou e com ele a excitação inicial.

No final, balbuciei “God Save the Queen”, mas eles não me ouviram... Mentalmente cantei Sex Pistols só para meu próprio regozijo.

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