Pêlo sim, pêlo não

As mulheres falam de pêlos. Todas, sem excepção. Trocam ideias, mostram as pernas depiladas (ou não) às amigas, falam dos encravados, da depilação, da depiladora, das conversas da depiladora, de métodos para matar de vez aquelas famigeradas pilosidades, etc, etc…

A verdade é que fazendo uma viagem transversal pela camada feminina da sociedade, o tema é recorrente e constante.

Apercebi-me deste facto esta semana, enquanto passava pela Artilharia 1, rua de nosso Presidente e de algumas trabalhadoras da noite, mulheres da vida, rameiras, meretrizes.
Parei no semáforo e ali estavam elas, sentadas num vão de escadas, à espera do seu princípe encantado. Falavam animadamente uma com a outra, até que uma (que eu carinhosamente chamei de Cinde) decide puxar a calça para cima, mostrando a parte inferior de sua perna à colega, claramente numa alusão ao pêlo, que estava a crescer ou que encravava, em alegre cavaqueira no local de trabalho. A outra , a que chamei de Tiffany, não ficou atras da amiga e levantou também a bela da pantalone, dizendo, provavelmente: -Ah, mas tu nunca viste os meus, crescem tão depressa, ahh é uma chatice esta cena de sermos gajas e de termos pêlo, os clientes não gostam nada, não basta termos o período, ahhh e tal…

Freiras e putas, todas falam do mesmo. Somos mesmo uma massa homógenea, nós, as mulheres…