Visões dum país cheio de gente bonita, bonita
No outro dia tive uma visão no mínimo castiça. Ia eu no meu carrinho numa das muitas rotundas de VRSA, quando reparo bem no veículo que ia à minha frente. O seu condutor tratava-se sem dúvida dum Português, com letra grande. Daqueles que bradam aos quatro cantos do mundo e aos mais recônditos buracos negros do Universo a sua lusa ascendência. Vou tentar descrever para ficarem (ou não) com a imagem. Primeiro imaginem a parte de cima dum porta bagagem. Agora coloquem-lhe em cima um touro, daqueles pequenos, para por em cima do naperon na mesa lá de casa. Ao lado do touro, a imprescindível Nossa Senhora de Fátima. Do lado direito de tão provocador arranjo, um galo de Barcelos, of crose. No canto, meio escondida mas perfeitamente visível, a chaminé de barro a dizer Algarve. Do lado contrário, algo que agora não me lembro mas que era tão mau ou pior que o anteriormente descrito. Ah, e a bandeira nacional a cobrir a cabeceira do banco do condutor.
Como é que seguindo as leis da física tanto objecto se aguentava em pé nas muitas curvas do percurso, talvez cola ou velcro sejam a resposta. A verdade é que a visão foi grotesca. Fez-me lembrar uma certa sala, num certo quinto andar duma certa rua que conheci em tempos. Quase que dava para imaginar, alegres e contentes, conversando no banco detrás o estudante de Coimbra, o Zé Povinho e a Linda de Suza.
Quando cada um de nós, condutores, fomos à nossa vida, ele para um lado e eu para outro, pude então reparar no detentor de tão popular altar e lá estava ele, farfalhudo e queimado pelo fumo do vício, esse sim o verdadeiro símbolo do portuga de barba rija e pelo no peito, amante do torresmo, tremoço e da loira fresquinha, pedaço de pelo ridículo sem razão aparente para o seu uso ou ostentação, chamado bigode. Espero sinceramente que ele, o dono e o veículo não se voltem a cruzar com a minha pessoa. É por coisas como esta que existem tantos acidentes nas estradas portuguesas.
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