Friday, September 29, 2006
Monday, September 25, 2006
Monday, September 11, 2006
Será o Avante… Pachanga?
De muitas coisas já se chamou ao Avante. Festa popular, ajuntamento partidário… Enfim de epítetos para o evento está o inferno cheio. Ou até em consonância, o Goulag, que não sendo vermelho é pelo menos bem menos quente. Mas de todas as perspectivas possíveis à partida, a Pachanga era a menos provável para a dita classificação. Será?
Sim, é verdade. Verde, verdinha, só os dez minutos de relva dos primeiros momentos. Entre a pisada e a fumada o quoficiente é baixo. Tal como curiosamente a média de idades da coisa. Com os anos de vida de muitos daqueles meninos, eu andava a suar as estopinhas para convencer os meus pais a deixarem-me ir à discoteca. E quando ia, lá estava o sonolento Luís para a paternal boleia. E isto seria pelas 3 da manhã, que é o que a casa gasta. Agora é vê-las em rebanhos histéricos, de copo de cerveja na mão como se mais ninguém se divertisse no mundo. Oh meninas, de classe era um champanhezito ou uma margarita. E também era bom se soubessem quem era o Marx em vez de vomitarem ordenadamente todos os namorados das PussyCat Dolls. Ideais? Já ouviram falar? Ah, nas letras do Bóssaque. Pois é, rima com animais. Olha e com retardadas mentais também, que cool.
Mas desvio-me e sem intenção. Ora rosa também não abunda que a cor é outra. Não muito diferente, mas noutra caixa da palete. Aliás ouve-se pelos cantos que rosa é sinónimo de venda, traição e outras palavras fortes, mas menos carnais, como neo-liberalismo. Carnalidade é até a última coisa que nos viria à mente com um palavrão destes. Só algum teórico e daqueles que se roçam nos livros. Se calhar alguém até duma certa faculdade… Rosa. É possível. Nos narizes ou bochechas de algum camarada nas proximidades das regiões demarcadas.
Cadaverismo. Ora aqui temos fortes possibilidades pachangas. Talvez apenas menos físico que na sua definição. Decepcionante sim, por ser triste ver congelado algo que se queria imortal. Se pode o homem ser cadáver em vida, porque não as ideias como produto seu? Liftings localizados ou umas massagenzitas poderiam resolver as gordurinhas a mais. Agora injecções e mais injecções de botox para disfarçar as rugas, por favor já passaram de moda. E há que ter cuidado com as cirurgias removedoras. Depois tira-se a mais e está a silicone entornada. Mamas a mais o povo também desconfia. E ainda gostava de saber quem é que disse que correntes de ouro e calças de fato treino ficam bem com bonés do Che. Ou que lá por acabarem da mesma forma, novo riquismo rima com comunismo.
E desviei-me outra vez. Acessórios. Sim, aos montes. E daqueles completamente indispensáveis. Fazendo a lista, e confundindo com bens de primeira ordem, o conteúdo da mala ou mochila de qualquer mulher será algo como: lenços de papel em quantidade absurda;
Leque (de preferência resistente e não da loja dos chineses);
Toalhetes, de preferência inodoros;
Protector solar;
Chapéu de bom gosto;
Baton para o cieiro;
Óculos de sol;
Lenço grande para colocar entre o traseiro e a malograda relva em momentos de descanso (para ti e para as amigas claro);
Música tema, ou em ingles time songue. Que a há, há. Que faz abanar todo o teu corpinho como o Holding out for a hero ao vivo, faz. Que provoca a loucura na multidão, como os trinados do Bisbal, provoca. Que até tem a paragem para compor o cabelo, tem. Só não tem letra para o karaoke, mas sabe bem trauteá-la como se não houvesse amanhã. E cada vez é sempre como se fosse a primeira.
Casas de banho. Más. Muito más. Como as latrinas italianas, que a mulher comunista além de ter costela forte também é boa no tiro ao alvo. Com a pequena curiosidade de haver sempre papel. Um dos mistérios a resolver. Talvez pequenos anões vermelhos reponham os quilómetros de papel enquanto o mulherio olha para o morenaço sem t-shirt que passou por ali.
Resumindo, que vai longo como os discursos daquele que fala sempre em segundo no comício sem que ninguem lhe fixe o nome, apesar da escassez de banho geral, que não é de gaja com classe, o Avante tem certas particularidades que o tornam pachanga. Talvez um neo-apanchagado. Ali uma coisa entre o fuccia e o grená e entre a Bonnie e o Estaline, mas com menos estátuas e casas no Algarve.
E no entanto ainda há quem grite que a Luta continua e algures entre a menina sonhadora e a mulher que não se lembra de ter olhado para outro lado que não fosse a esquerda, a ironia afasta-se e deixa passar esse reconfortante reconhecimento. É como diria o camarada enquanto arruma a barraca às duas da manhã de domingo: Até p’ró ano!