Thursday, December 21, 2006

Pacharguida

A minha primeira experiência com a justiça até que nem foi má. Fui à GNR de Sintra, para ser constituída arguida e para que me fosse aplicado o termo de identidade e residência, no âmbito de um processo de uma determinada senhora que não revelarei o nome, mas que posso adiantar ser socialista, ex-presidente de uma câmara e ter a mania que ela é a única pessoa que fala bem português.
Chegada ao local, fui recebida por polícias bomzinhos e simpáticos, que me trataram bem e com quem mantive uma cordial conversa.
O Natal dos Hospitais estava a ser transmitido pela televisão e Marco Paulo cantava "nossa senhora me dê a mão, cuide do meu coração". A melodia foi seguida pelos guardas, que trauteavam as notas do hit de João Simão. Fui chamada para prestar declarações numa sala com uma parede falsa, onde se podiam ouvir as conversas dos muitos senhores agentes da autoridade que trabalhavam no compartimento ao lado. Enquanto respondia às perguntas feitas pelo Cabo B. (ou sargento, whatever), a minha atenção ía para as conversas mantidas na outra sala, de onde saíam sonoros FODA-SE, CARALHO ou mesmo coisas como "O GAJO TAVA TODO FODIDO COMIGO, O CABRÃO...", ditas com sotaque da Ribeira do Porto. O senhor guarda (que estava vestido à civil) pediu desculpas pela línguagem menos própria dos colegas, justificando que ali "são quase todos homens". E aí, eu pensei: " Ele nunca foi a um encontro ou jantar pachanga... Ele nunca gritou PICHOTA ou FNOC (FNOQUE, pronto) em ruas estrangeiras. Ele nunca disse CONA ou PINTELHEIRA repetidamente, só para irritar uma querida amiga..."

Como se diz em estrangeiro, pardon my french. É Natal e as músicas sobre renas cantadas pela Diana Krall despertam o pior que há em mim.

1 Comments:

Blogger Pachanxoila said...

Seria melhor se fossem músicas sobre a Diana Krall cantadas pelas renas?!
É uma ideia...

12:28  

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