Tuesday, February 13, 2007

Vai um ovinho?

A terra tremeu ontem em Portugal. Já no Domingo tremeram as hipocrisias e as demagogias. Não caíram que a coisa não foi tão forte assim. Mas abanaram.

O Mundopachanga é um blog sem causas e apartidário. Por isso não fiz um único comentário até agora sobre o que nos perguntaram no passado fim de semana. Pergunta essa que ocupava metade do boletim de voto para duas respostas tão sintéticas como profundas em conteúdo.

Não sou das fanáticas pela consulta popular. Somos chamados tantas vezes a escolher quem nos represente, que parece que lhes passamos um atestado de incompetência quando nos pedem de novo para decidir por eles. Daqueles oficiais, não dos vulgares à mesa do café.

É por estas e por outras que para mim a aplicação da democracia adquire contornos ambíguos. E pior ainda, a própria liberdade. Aí já sou eu que tremo só de pensar na insistência em confundir que caracteriza este país.

Sim. Por cá, confundem-se fama com mérito. Confundem-se educação com acesso. Inteligência com esperteza. Estatuto com riqueza. Cosmética com cirurgia. Deveres com direitos. Enfim, é mais ou menos como bebermos mistura solúvel em vez de café e ainda nos curvarmos a pedir mais.

Até ao passado sábado liberalizaram-se os “faz de conta”. Ele eram políticos sem "tomates", a quererem ser confundidos com democratas. Elitistas demagogos a passarem por cidadãos com consciência. Carrascos medievais com salvadores de toda a vida. E até revolucionários amnésicos com profetas retóricos. O país revirou-se em nome de duas palavras. Tornou-se complexa uma questão simples apenas porque interessava. Porque vendia.

Sim. A questão era tão clara como perguntarem se queria os ovos cozidos ou mexidos. Porque do que se falava realmente não era da maneira como eu queria os ovos, mas o facto de poder escolher entre os dois ou três, ou nenhum. Pôr isto em causa é só por si um absurdo. Mas fui lá. Porque já que perguntam, quero dar a minha opinião. Não compreendo porque muitos continuam a preferir que lhes dêem os ovos sempre da mesma maneira. Talvez seja para acompanhar a mistura a que chamam café. Talvez seja por isso que nem se deram ao trabalho. De qualquer das maneiras talvez nem mereçam sentir o que senti na noite de domingo. Quando fiz parte da multidão que agarrou na frigideira e a pôs ao lume. Agora cada um que faça ou não faça os ovos como os quiser.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home