Friday, May 04, 2007

I was lost in France...

... dizia nossa guru Bonnie Tyler.
Pois, eu cantei esta música mentalmente enquanto me perdia pelas ruas de Lyon. Cantei para dentro, que eu não sou maluca de andar por aí a cantar cançonetas de Bonnie ao desbarato. As pessoas não entendem.

Lá fui eu, sozinha, abandonada para uma entrevista de emprego num local que começa por Euro e acaba em News, na França (uhhh lálá, croissant, très bien). Foi a primeira vez que viajei all by myself. Senti-me assim crescida. Profissional. Madura. E sózinha.

Chegada ao aeroporto, o meu francês enferrujado começou logo a funcionar. Descobrir qual era o autocarro que me levaria para a cidade, para depois apanhar um táxi para o hotel, que acabou por se revelar uma residência, com pequenos studios com casas de banho sem cortinas na banheira. Pela primeira vez na minha vida, tomei banho sentada, de modo a que o potente chuveiro não salpicasse todos aqueles 2 m2 de WC.

Depois de me instalar, decidi ir dar uma volta pelas redondezas e comer qualquer coisinha, que uma pachanga também tem fome. Lá fui eu, em direcção ao centro, por ruas estreitas cheias de kebabs e cafés, rumo à Place des Terreaux. Não pensem que vai sair daqui grande coisa, que encontrei o Gianechini na rua, que fui abduzida por extraterrestres vestidos de Patrick Swayze. Pois, não aconteceu nada. No excitement. Vaguear, olhar para os parvos dos franceses (ah povo chato!) e comer.

Sentei-me numa das esplanadas da dita praça, muito bonita por sinal. Pedi uma pizza (?????) e um copo de vinho tinto e tentei acalmar-me para a entrevista e os testes do dia seguinte. Aproveitar aqueles momentos de calma e solidão, desintoxicar da rotina.

Os meus planos zen sairam gorados. O copo de vinho intoxicou-me de tal forma que quando acabei o jantar, já nem sabia onde era a residência. Não sei se foi do cansaço ou da excitação, mas apanhei uma tosga com um copo de vinho, sózinha, em França. Decadente. Não aquela decadência do bordel francês e das orgias monárquicas de reis sol, que até pode ter alguma graça, mas uma decadência de uma pachanga de 26 anos que se embebeda com um mísero copo de vinho.

No dia seguinte, estava fresca que nem uma courgette. Lá fui, com alguns medos, que depressa desapareceram, quando me puseram a fazer 4935836734857 milhoni de peças sobre a Turquia e os reféns franceses no Afeganistão. Nem cigarrinhos nem nada. Trabalhar, ali, no duro. Ufff, a vida custa.

A coisa parece ter resultado. Regresso a Lyon para a semana. Mas desta vez, bebo águinha.



Place des Terreaux, Lyon

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