Estou a sangrar do nariz. Também o nosso coração sangra, neste dia triste. Vou ali por um bocado de papel higiénico na narina direita.
Voltei, já com um bocado de Renova enfiado na minha cavidade nasal.
Neste preciso momento, está a dar o Notting Hill no canal Hollywood e à medida que procurava palavras para homenagear Patrick Swayze, que abandonou hoje o mundo dos vivos, eis que aparece uma cena em que se fala dele. Bizarrias. Um gajo pergunta à Julia Roberts como era Patrick em pessoa. Ele há coisas...
Nunca tivemos a oportunidade de privar com a lenda nascida em Houston, no Texas, a 18 de Agosto de 1952. Mas de certa forma, o ex-bailarino clássico que jogava futebol americano (???), era um membro daquele clube privado de pessoas que achamos que conhecemos e que acreditamos serem os melhores indivíduos do mundo. Conheciamos Johnny Castle, um rapaz trabalhador e cheio de princípios, que não engravidou a Penny. Conheciamos Sam Wheat, o esposo dedicado que gostava de fazer badalhoquices com barro e que morre, para o filme ter uma história. Antes disso, conheciamos Orry Main, o fiel rapaz sulista de Norte e Sul. Aliás, foi com esta série (que a minha mãe gostava muito e me obrigava a ver quando eu ainda não sabia ler legendas) que tomei acquaintance com o garboso actor.
Em 1991, Patrick deixa-se de mariquices que envolvem bailado e música de ir à peida e transforma-se em Bodhi, um surfista giraço viciado em adrenalina que assalta bancos com máscaras de presidentes dos Estados Unidos. Uma maravilha.
Deixa estas e outras heranças, imortalizadas agora em DVD e em ficheiros DivX, prontinhos a serem sacados da net. Para além dos velhos VHS's que temos lá pa casa, visionados centenas de vezes, para copiar as coreografias do Dirty Dancing, especialmente aquela parte final, que interpretei no pátio da minha escola primária para as minhas colegas, juntamente com uma performance de lambada, que se houvesse youtube na altura, teria feito as delícias de pedófilos por todo o mundo.
Entretanto, meu nariz já parou de sangrar e isto já vai longo, perdendo qualquer pertinência e sentido.
Viva Patrick, que se bateu como um homemzinho contra a pior doença do mundo. E que despertou em nós, em tenra idade, a confortável sensação de que as Babys deste mundo também podem fornicar com bailarinos exóticos e rebolar-se feitas malucas em festas underground, à revelia dos pais.
Mais, a primeira vez que dei um linguado (uma experiência traumatizante que envolveu demasiada saliva e dentes) foi ao som da banda sonora do Dirty Dancing.
DVD's ao alto e vamos lá fazer o gathering pachanga/hommage que o rapaz merece.