Friday, October 16, 2009

Post rápido para partilhar umas coisinhas enquanto o pachanguedo anda a abanar-se na ILGA ao som da blondie e companhia

Fui pedida em casamento. Calma, mas não aceitei. Ele era um taxista francês, amante de Portugal, cujos pais são os felizes proprietários de uma moradia numa aldeia perto de Aveiro. O rapaz gosta tanto do nosso país que passa a vida a apanhar aviões para aproveitar o que a terra lusa tem pra dar. Num português esquisito, com muitos foda-se e fixes lá para o meio, traçou o nosso plano de vida, que passava, lá está plo matrimónio e por uma vida calma na cabana da dita aldeia. Disse que já era casada, o que lhe causou algum transtorno. No final, tive direito a um desconto, "por ser linda e portuguesa", qual hino de Marante.



Como se não bastasse, na mesma semana caiu-me um travesti em cima. Vinha eu a sair do metro, numas escadinhas escuras e eis que vejo um ser brilhante, envergando calção curto, um coletezinho de pêlo farfalhudo, uma collant preta e como não podia deixar de ser, a bela da plataforma prateada. Tinha umas belas pernas, o cabrão/a puta. Descia formosa, mas nem por isso muito segura. Fodida, a plataforma. Olaré, torce o delicado pé e aterra nos meus braços, donzela traída plos castigadores saltos. Evito que a Cassandra caia (Cassandra foi o nome que lhe dei apesar dele/a ser provavelmente um jean-pierre ou quiçá um nicholas) e olho seus olhos assustados. Rapidamente, como uma leide, o ser brilhante recompõe-se, depois de uma breve troca de palavras que incluiu "merci" e "ça va?". Queria fazer ali um female bonding com a pessoa, mas o meu francês não deu pra isso. Paciência. Agora já aprendi mais umas frases em francês para a próxima vez que um travesti me cair em cima.

Thursday, October 08, 2009

Geriatria e naturismo

Duas palavras que não devem andar de mãos dadas. Duas palavras que não devem ser proferidas sem plo meio terem um sinal de pontuação amigo. Duas palavras que fazem dói dói à gente, quando ganham vida, bem à frente de nossos olhos ainda sem rugas.

Num paraíso mediterrânico, onde é permitido o nudismo em todas as praias, as surpresas são muitas. Há a estranheza, entranhada nos nossos estômagos católicozinhos, inculcada pla D.Susete (a minha catequista, não a minha mãezinha). Depois vem a aceitação, comandada plos factos: um corpo nú é um corpo nú. Mamas, cús, pneus, celulite, umbigos, pêlos, não há nada mais intrinsecamente humano, nada mais intrinsecamente factual.

É aqui que surge a admiração. Por quem não é perfeito e não o esconde. Por quem tem cicatrizes de cesarianas e não as tapa. Por quem não tem medo de que um grão de areia provoque uma terrível infecção na genitália, que, como todas sabemos, é uma flor sensível ao bichedo que vive nas praias deste mundo.


Pouco depois, vem a adesão e frases tão complexas como "tou-me a cagar" ou mesmo um "aqui ninguém me conhece". Esta fase é acompanhada de alguma euforia e orgulho no nosso próprio ser, abraçada por um sentimento de pós-modernidade, que afinal é tudo menos pós-moderno.

Tudo isto é bem bonito e até um pouco espectacular, mas eis quando todo o meu entusiasmo plo naturismo desvance em apenas alguns segundos. Ser bombardeada por pilas de pessoas que não conseguem olhar para o próprio membro há 10 anos, devido às várias camadas adiposas, quebra toda a mística. É como quando estamos a ouvir aquelas cançonetas melosas dos sixties e de repente a agulha do vinil fica doida.

Para além de ou outro jovem, os adeptos do nudismo são entradotes e a flacidez das peles já se instalou nos seus corpos para todo o sempre. Ao início, repara-se muito, compara-se, especula-se, mas depois vem a bonança (acompanhada da mítica música). Sacode-se um cadinho da areia que teima em colar-se a determinadas partes da nossa anatomia e fecha-se os olhos. É bem bom estar em casa.

Thursday, October 01, 2009

Madonna no seu melhor (e com botox do melhor também)