Madoina pouquio fresquia
Há duas coisas que quero dizer antes do testamento que preenche este post.
1ª O David Lynch não é um tipo aborrecido, o novo disco da Madonna é.
2ª Esta crítica é uma cópia na íntegra do que escrevi a trabalho para aquele outro site de que falo lá para baixo. A Madonna é pachanga, mas às vezes foge à causa. E não há cor de rosa nem chicote que a salve na gracinha.
- O novo disco de Madonna é passível de causar um certo efeito ainda antes de ser ouvido. É o décimo primeiro numa carreira que tem vindo a oferecer edições com espantosa regularidade desde 1983. Apresenta na capa a cantora ainda mais despida que na sua fase "Erotica", cheia de pinta de maestra sado-maso. É o sucessor do surpreendente e fresco "Confessions on the Dance Floor". E depois é mais um disco da artista que não só deu a volta ao pop como o tornou parte da sua própria história.
Madonna acima de tudo é uma mulher inteligente. Foi buscar os mágicos do hip-hop Timbaland e Pharrell Williams para comporem a tela e a popularidade de Justin Timberlake para colorir e deixou meio mundo curioso. Quando deu a ouvir o primeiro single '4 Minutes', foi quase como se estivesse a afirmar: «Aqui estou eu e mais uma vez já sou outra coisa qualquer». Ela sabe-o e sabemos nós. Se há algo que Madonna faz bem é reinventar-se. Geralmente os seus discos acompanham este talento para ler o ambiente geral. "Hard Candy", contudo, falha em grande parte deste propósito.
Logo à partida, 'Candy Shop' faz lembrar 50 Cent pelo título mas anda mais próximo de uma Kylie Minogue. Pharrell deu o seu toque à música mas não o suficiente para a tornar o tema ideal para abrir um disco de Madonna. Logo a seguir vem em jeito de compensação '4 Minutes', que é o single óbvio e uma das melhores do álbum. Vá, por esta altura ainda é perdoável a confusão com a Nelly Furtado de "Loose".
A diva australiana é outra vez evocada em 'Give It 2 Me' e 'She's Not Me', mas apesar de tudo ainda achamos compreensível, afinal sempre é a única princesa no reino de Madonna. A batida hip hop começa a ser recorrente por esta altura como a cantora tinha prometido, mas já estamos com aquela sensação que já ouvimos isto em algum lado. 'Heartbeat', 'Incredible' e sobretudo 'Miles Away', que faz lembrar 'What Goes Around .../...Comes Around' de Timberlake e curiosamente também de Timbaland, transformam a sensação em certeza. Com metade do álbum para trás já fica dificil sermos conquistados, mas a diva ainda tenta com a melhor sequência do disco 'Beat Goes On', 'Dance 2Night' e a aula em castelhano de 'Spanish Lesson', mais atiradas para a pistas de dança. A balada da praxe chega quase no final com 'Devil Wouldn't Recognize You' a fazer lembrar um "Bedtime Stories" com o banho do novo século. E fica dificil não terminar a fazer comparações, depois de 'Voices' fechar o álbum e trazer de novo e irremediavelmente a luso-canadiana mais conhecida do momento.
Este doce de Madonna é complicado de digerir por não trazer a frescura de muitos dos seus álbuns anteriores. Reinvenção sem risco parece ser a proposta da diva. Talvez seja apenas um fechar de ciclo. Este ano Madonna faz 50 anos e já prometeu mais dez de carreira. A ver vamos. -
In Cotonete
Labels: Madonna
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