Um Fora de Semana
Costuma dizer-se que há dias assim, mas para mim pode-se dizer que raras vezes há fins de semana assim. E como hoje é o Dia Mundial do Teatro vou contá-lo em vários actos.
I Acto – O Drama - Da noite escura e seus filhos de brilhantes cores
O sol há muito que se tinha escondido na sua casota do poente, quando elas se encontraram. O humor não era o melhor, pelo menos o da narradora. Mas átomos de calma pairavam e sobre ela poisaram. Era uma aventura dizia-se. E com a ingenuidade dos românticos e a coragem dos destemidos elas foram.
O manto nocturno era ao mesmo tempo o cenário e o esconderijo perfeito. Seres de infinitas cores e apetites alongavam-se pelas ruas semi-desertas. Com o avançar da noite mais e mais apareciam e de repente os passeios eram as bancas perfeitas de um mercado de carne. Não éramos dali bem o sabíamos. A curiosidade e clandestinidade tornou-nos espectadoras furtivas dum espectáculo sem artistas ou palmas. Sim, vivemos em várias dimensões. Muito de vez em quando temos a possibilidade de espreitar uma delas. A missão cumpriu-se para todos os lados. Para quem quis entrar porque tocou de leve nessa vivência de latex e maquilhagem. Para nós que a protegíamos porque nada de perigoso se passou. E lá voltamos nós para nosso confortável cantinho.
II Acto – A comédia - E quando do chão te ergues e acabas com um dedo roxo
Era um Sábado cinzento. Daqueles em que a chuva espreita mas é demasiado tímida para cair. Elas levantaram-se cheias de energia e um pouco depois da hora combinada lá estavam. Uns amigos encontraram e todos juntos começaram a jogatana. Uns corriam mais do que os outros, outros viam mais bolas do que outros e outros ainda levavam com mais boladas que outros. Tudo ia bem até ao momento em que no calor da competição aqui a burra decidiu interceptar uma bola científica (o que conseguiu diga-se) e sentiu o dedo a dar duas voltas, comprar o jornal e voltar ao sitio.
E é assim que durante uma ou quizás duas semanas não haverá exercício físico. Agora é vê-la, a celulite a escalar sem dó as minhas nádegas. Além de parecer uma deficiente que não consegue cortar o bife e com um dedo mais roxo que os fatos da Priscilla, Rainha do Deserto.
III Acto – A tragédia – Dos vis, dos incautos, das obras intermináveis e do insustentável peso de ser consumidor
E próximo do fechar da cortina vem o pior assalto do mundo. Sim, duas pachangas caminhavam alegremente cantando e rindo, espalhando sua alegria verde por todo o Saldanha e porque não o Mundo, quando, ocultados pelos arbustos modernos, ou seja, tapumes, saltaram três anões, com objectos não identificados, mas com pretensão a cortantes,e lhes exigiram, em voz muito pouco intimidante diga-se, os telemóveis rápido. Elas inicialmente não acreditaram e olharam em volta à procura de Branca de Neve, que como isto está hoje em dia deve ser transsexual e trabalha no Casino Estoril, mas ela devia estar a meio do show e não apareceu e elas lá fizeram o que lhes tinha sido pedido. O anão-chefe ainda disse que devolvia o cartão a uma, mas entretanto a própria, qual cavaleira andante, que uma pachanga além de classe tem honra, foi avisar a família nuclear que se aproximava para dar meia volta. A outra pachanga, que é forte e cinturão negro em 47120347 artes marciais, ainda deu luta mas foi imobilizada pelos outros dois anões, que juntos já dá algo próximo de um homo-erectus mas com quatro mãos, braços e pernas. E foi assim que as duas foram deixadas incrédulas enquanto eles desapareciam para o seu país de anões fora-da-lei. Chegámos foi à conclusão de que a culpa disto tudo é do king-kard, que nos faz sair tantas vezes de casa, ver filmes realmente maus por vezes e ainda arriscarmo-nos a ser roubadas por meias lecas. Bolas, c’a breca!!!
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