Participação no GRANDE concurso de narrativa erótica (pede-se o especial favor ao Sr. Dr. António Castanheira de completar a prosa que se segue.)
A história a 4 mãos segue-se:
Cada pedra um pontapé... empurrava o andar com a raiva que estava no corpo. Não sentia quente ou frio, não sabia do que ria... talvez...não, não sabia. Testava-me a cada pensamento, a cada ideia. Sabia que te tinha deixado deitado enrolado num lençol branco... sabia que não estavas sozinho... que não tinhas estado sozinho e que agora também tinhas companhia, também a tinha deixado enrolada num lençol branco.
Tinha subido a rua cheia de histórias, com palavras imensas que se desprendiam da boca, ia dizer-te que te amava três vezes antes de te pôr a mão na braguilha e pedir-te para me mostrares. Tinha tudo desenhado na cabeça. Ias por as tuas mãos no meu peito, ia cheirar que tinhas acabado de chegar a casa. Ia saber que tinhas fumado um cigarro, mas que este não se substituía ao teu perfume... ia puxar devagar cada um dos botões das tuas adoráveis calças, ia puxá-las para baixo, fazer-me resvalar por ti, empurrar as boxers com os dedos anelares e descê-los por dentro delas, pelas tuas coxas, ia pegar-te, apertar-te ao de leve, ia sentir-te crescer na minha mão... Cheguei a casa, vi as chaves em cima da mesa, ao lado direito da porta e começou-me logo a saber o quão maravilhosamente bem me ias ter... acabada de mergulhar em antecipação. Queria morder-te o lábio, queria sentir que a barba te despontava outra vez, arranhar-te os braços e percorrer-te os pêlos em sentido contrário... Dei por ti na cozinha, de cócoras a remover qualquer coisa no fundo do frigorífico... cheguei-me por trás agarrei-te no cabelo, despenteei-te um bocadinho, viraste-te com o teu sorriso certinho para mim, beijaste-me, agarrei-te o lábio e senti que tinha introduzido a password errada.
Disseste: - Vim buscar umas cervejas. Está cá o Paulo!
- o Paulo.... o Paulo, quem é o Paulo, depressa..., não!
Perguntei: - Qual Paulo?!
- Aquele lá do trabalho que eu acho que é...!
- Ah! O gay!
- Fala baixo! Pensei...falo baixo, falo, fá-lo, quer fazer-te... falo, o falo.
- Sim está bem! Mas então o que é que o Paulo está cá a fazer HOJE, AGORA!??
- É dia de jogo, lembraste?
- Boa! Ok, eu nem quero saber como foi a conversa que resultou no facto do senhor agora estar sentado na sala, à espera de uma cerveja, que TU lhe vais levar.
- Falamos depois, mas até foste tu que deste a ideia, sempre a dizer que devia ser mais tolerante e que se calhar até me fazia falta conviver mais com pessoal gay, para ver que não me mordiam... Sim senhora, ora tinha que se ter virado contra mim, ou talvez não.
- Anda lá conhecê-lo Claro, lá fui, atrás dele pelo corredor a imaginar a figura que estaria sentada no meu sofá.
- Paulo aqui está ela, a razão das minhas horas! Ele não disse isto, eu não ouvi bem, isto é esquema... virei a ombreira da porta, entrei e vi o Paulo. Não era gay, não podia, não acredito, deve haver um engano qualquer. Faz lembrar aqueles rapazes da William Lawson. UI, que raio de pensamento preconceituoso, claro que pode ser, não andam propriamente com uma etiqueta, ou de lenço cor-de-rosa ao pescoço... (continua)
Primeiras mãos: SAM