Renas?
Alguém alguma vez viu uma rena em Portugal? Narizes vermelhos só mesmo nas tascas de nossas terras, acompanhados com uma bela sande de torresmo.
Pais Natal? Pais de quem? Pais do Natal? Então o Natal não é o nascimento de Jesus? Será um senhor de barbas gordo e vestido de vermelho o mentor de um nascimento, ocorrido há mais de dois mil anos, lá em Belém, de uma criança filha de uma virgem e de um carpinteiro, rodeado da mais fina estirpe animal peluda? Não me parece. Andou o Darwin a estudar o evolucionismo para isto...
E porquê, pergunto eu, porquê pendurar bonecos vazios e espalmados, de pequenos pais natais, potenciais larápios, que escalam as varandas dos prédios, espalhados como carraças em canis municipais, no nosso país?
E o mais parvo é que as pessoas acham que aquilo realmente tem piada e comentam, quando se cruzam na rua: - olha, que esta tem graça!
-Irra, qu’apanhei um susto, parecia mesmo alguém a subir para a sua varanda!
Como se os ladrões fossem envergar roupa vermelha para levar a cabo um assalto a uma residência.
Para este fenómeno, creio ter uma teoria. Os chineses. São eles que detêm o monopólio dos enfeites ridículos e incrivelmente parvos de Natal. São eles que, secretamente, pé ante pé, em grupos organizados espalham, pla calada da noite, os cabrões dos pais natais pendurados.
No dia a seguir, o vizinho acha graça e como para o português, a galinha da vizinha é melhor que a minha, lá vão eles com uns euricos no bolso até ao chinês mais próximo, comprar, comprar, comprar.
Nada me irrita mais que a correria de Natal. AHHHH, vão levar o último DVD do Titanic Edição Especial com cenas de sexo entre o Di Caprio e o comandante do chaço, AHHHHH queroooo!!!! E é assim que algumas pessoas acabam com costelas partidas, tornozelos torcidos, olhos negros e ovários desfeitos, no frenesim fnacniano. E para quê?
- ah, obrigado, o DVD do Titanic. Gosto muito. (Levantar e correr rapidamente para casa de banho mais próxima, regurgitando o bolo rei e o bacalhau ingerido na consoada).
Outra coisa. Os filmes de Natal. Ontem cheguei a casa e liguei a TV, enquanto vestia o meu baby doll sexy e transparente. Olhei e vi renas voadoras que falavam. Olhei outra vez. As renas continuavam a voar e a falar. E uma delas tinha um dom. Qual, não percebi. Mas tinha a ver com patinagem, crianças, ser feliz e nunca deixar de acreditar. A combinação perfeita de filme série Z de Natal.
Assim, chego ao ponto final de mais uma reflexão sobre o Natal. E como tem de ser, desejo que cada uma de nós tenha uma quadra natalícia calma, sem correrias, com paz e amor e muitos DVD’s do Sexo e a Cidade. Que o poder da Pachanga esteja connosco naqueles momentos em que não podemos fugir, para bebericar um martini e fumar centenas de cigarros.